segunda-feira, 26 de julho de 2010
Pensamento... (6)
"- O que me impressiona é o fato de que em nossa sociedade, arte se tornou algo ligado somente a objetos e não a indivíduos. Que arte seja algo somente para experts ou artistas. Mas por que não pode a vida de alguém se tornar uma obra de arte?"
- Ela pode, Foucault.
domingo, 18 de julho de 2010
Pensamento... (5)
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Admirável Mundo Novo
Dando continuidade no post sobre 1984, trago-lhes outra grande obra de ficção futurística: Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.
Um pouco da história: O livro descreve uma sociedade futura em que as pessoas seriam condicionadas em termos genéticos e psicológicos, a fim de se conformarem com as regras sociais dominantes. Tal sociedade é dividida em castas e desconheceria os conceitos de família e de moral. Não há vontade livre, abolida pelo condicionamento e a servidão era algo aceitável. Contudo, nesse mundo há Barnard Marx, o protagonista, que sente-se insatisfeito, em parte por ser fisicamente diferente dos restantes membros da sua casta. Numa espécie de reserva histórica em que algumas pessoas continuam a viver de acordo com valores e regras do passado, Bernard encontra uma mulher e seu filho. E vê a possibilidade de conquista de respeito social através da apresentação do jovem “selvagem” à civilização. Sem imaginar sequer os problemas e os conflitos que essa sua decisão provocará.
Como o livro de George Orwell, Admiravel Mundo Novo cria um futuro hipotético onde as pessoas são condicionadas a seguiram regras e padrões da sociedade. Huxley cria muitas alusões a fatos e personalidades importantes, como o nome das personagens fazerem referencias a Marx e Lenin, e citações no livro relacionadas a Hitler e ao Mein Kampf, uma espécie de bíblia na Alemanha nazista. Talvez a obra seja menos política que 1984, até porque o autor se preocupa mais com a descrição da estrutura da sociedade. Mas isso não esconde o apelo político do livro.
Cuidado: alguns processos (sociais) do livro podem chegar a serem assustadores.
"Não há Civilização sem Estabilidade Social.
Não há Estabilidade Social sem Estabilidade Individual."
terça-feira, 13 de julho de 2010
Pensamento... (4)
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Ignorância é Força!
Irmãos, eu eu vos trago A salvação. O Livro. 1984!
Depois de ser indicado por três amigos para ler esse livro eu finalmente peguei emprestado. Acho que foi um dos meus melhores empréstimos, junto da vez que eu peguei Os Maias, do Eça de Queiroz. Tanto é que depois eu vim a ganhá-lo, num lindo presente de alguém especial!
Vou falar brevemente do livro, embora ache que esse livro já deve ser do conhecimento comum de todos. O livro se passa em 1984, em Londres (ou como é conhecida na época do livro, Pista de Pouso Número 1), na Oceânia, uma superpotência controlada pelo restritivo Partido e comandada pela Grande Irmão, seu líder. Todos só obedecem a uma regra: a própria obediência em ação e pensamento. A sociedade é estratificada em três partes: o Núcleo do Partido, o Partido Externo subserviente e os proletas. O personagem principal, Winston Smith, que é do Partido Externo, trabalha no Ministério da Verdade, adulterando a verdade por aquela verdade que o Partido quer. Apesar da força para se conforma e obedecer ao Partido, ele mantém, secretamente, pensamento contra o Partido. Smith conhece Júlia e descobre nela uma pessoa com pensamentos semelhante. Ambos vão buscar ajuda para participarem da força de oposição. E por aí vai.... já falei demais. Obedeça e leia o livro.
Apesar de ser uma trama simples, o livro não é. Não é só altamente político, mas provoca sentimentos e pensamentos em quem lê. Esse livro é um daqueles que, assim como toda forma de arte, não nos deixa ilesos. George Orwell conseguiu em seu último livro nos provocar, nos constranger, nos alertar e nos acordar. Quanto ao autor, acho que sua fama já fala por si. Ficou famoso por falar as coisas de um modo que ninguém havia dito antes. Além disso, nesse livro, Orwell à semelhança de Tolkien e de James Cameron, ele criou uma língua: a Novafala.
Para fechar vou transcrever alguns trechos e, por fim, uma tirinha que representou meu sentimento quando acabei de ler o livro.
Que coisa bonita, a destruição das palavras! […] há centenas de substantivos que também podem ser descartados. Não só os sinônimos; os antônimos também. […] Uma palavra já contém em si mesma o seu oposto. Pense em “bom”, por exemplo. Se você já tem uma palavra como “bom”, qual a necessidade de uma palavra como “ruim”? […] qual o sentido de dispor de uma verdadeira série de palavras imprecisas e inúteis como “excelente”, “esplêndido” e todas as demais?
Todo conceito de que pudermos necessitar será expresso por apenas uma palavra, com significado rigidamente definido, e todos os seus significados subsidiários serão eliminados e esquecidos. [...] Menos e menos palavras a cada ano que passa, e a consciência com um alcance cada vez menor.
[...] Como podemos ter um slogan como “Liberdade é escravidão” quando o conceito de liberdade foi abolido? Todo o clima do pensamento será diferente. Na realidade não haverá pensamento tal como o entendemos hoje. Ortodoxia significa não pensar – não ter necessidade de pensar. Ortodoxia é inconsciência.
Era o produto de uma mente semelhante à dele, porém muitíssimo mais poderosa, mais sistemática, menos amedrontada. Os melhores livros, compreendeu, são aqueles que lhe dizem o que você já sabe.
domingo, 11 de julho de 2010
Sassy
Terminando hoje a minha homenagem às Divas do Jazz, Sarah Vaughan, ou Sassy, seu apelido.
Ainda muito menina, Sarah Vaughan começou a cantar no coral gospel da igreja que frequentava com os pais, ambos músicos. Seu pai era guitarrista e sua mãe era lavadeira e tocava piano na mesma igreja. Aos treze anos, com o que sua mãe havia lhe ensinado, foi para trás do órgão, acompanhando o coro. Ganhou o primeiro prêmio no Apollo Theatre (lembram-se?), o que lhe abriu muitas portas na música.
Começou a cantar com bandas, mas adquirida sua confiança ao trabalhar, Sassy decidiu tentar a carreira solo. Seus primeiros álbuns soram bem recebidos pela crítica, fato que a levou a se unir com os músicos revolucionários do bepbop como Charlie Parker e Dizzy Gillespie.
Vaughan tornou-se uma estrela internacional, gravando discos mais comerciais e frequentemente acompanhada de cordas, embora tenha gravado com um octeto, 1950, que incluía o trompetista Miles Davis.
Sarah era dona de uma impressionante e elegante voz, que parecia sair nenhum esforço, além disso, improvisava de maneira magistral (scat).
A indicação de hoje é o At Mister Kelly's [1957]. Esse disco está naquele livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer. Ele é maravilhoso! Apesar de ser ao vivo, ele é muito bem gravado, sem ruído algum. Alguns aplausos sim, mas vale muito a pena.
Excepcionalmente, hoje serão dois filmes. Um, Sarah cantando Don't Blame Me. Outro, é uma descoberta: Sarah Vaughan e Wilson Simonal cantando juntos . Os dois imperdíveis!
sábado, 10 de julho de 2010
Ella Fitzgerald
Na sexta, eu decidi dar continuidade ao meu post anterior. Assim, resolvi falar sobre as três divas do jazz. Continuando, portanto, hoje será o dia de Ella Fitzgerald.
Lady Ella, como era conhecida, tinha uma voz fantástica. Para aqueles que entendem (grupo do qual não faço parte, mas acho que essa informação deve ser importante. E quem souber me ensine, porque fiquei curioso) sua extensão vocal abrangia três oitavas. Uma voz clara, firme e encantadora. Digna de uma diva, tornando mais lindas as lindas canções que interpretava. Ela (Ella) ficou muito famosa por cantar scat, modo de cantar que tentava imitar um instrumento, trabalhando com as notas e melodias da música, através de palavras ou sílabas (ver vídeo abaixo). Sobre isso ela veio a comentar: "Eu apenas tentava fazer [com minha voz] o que eu ouvia os sopros da banda fazerem" .
Sua carreira começou muito cedo. Com 17 anos, ela cantava no famoso Apollo Theatre, no Harlem, símbolo do nascimento da música negra. Passou, então, a cantar com as big bands. Depois entrou em sua carreira solo fabulosa. Cantando com diversas pessoas e, talvez, sua parceria mais famosa foi com Louis Armstrong (old Satchmo). Essa união rendeu alguns cds maravilhosos, como o Ella & Louis (1956) e Ella & Louis Again (1957).
Outras indicações que faço dessa maravilhosa cantora, são os songbooks da Verve. Ella cantou oito compositores, como Cole Porter, Duke Ellington, George e Ira Gershwin. Outro grande fabuloso cd dela é o Ella Abraça Jobim (1981), no qual ela canta as músicas do nosso querido Tom, chegando até a interpretar uma em português (Água de Beber).
Assim como Billie Holiday, Ella Fitzgerald e a próxima diva participaram ativamente contra o racismo que imperava nos Estados Unidos à época. Militando em movimentos raciais, todas elas contribuíram contra o preconceito. E assim, foram fundamentais, não somente por tornar público o jazz -uma música originalmente negra, vinda de New Orleans e, obviamente, muito influenciada pela cultura africana- como também por permitir (talvez forçar) a aceitação de músicos e cantores negros na cena da música, dominada por brancos, nesse período.
Abaixo, um filme d'Ella cantando em Montreax, em 1969, interpretando Samba de Uma Nota Só, do Tom Jobim. Notem no seu solo de scat que ela passa por muitas músicas como Easy To Love e Anything Goes, ambas de Cole Porter.